:: Como construir atitudes participativas
Construir atitudes participativas exige da escola planejamento e avaliação em relação a:
condições para a participação (todos devem ter voz e vez para se manifestar e acesso às informações fundamentais para opinar sobre determinada questão; os horários estabelecidos para os encontros devem levar em conta a vida da comunidade etc.);
aquisição de conhecimentos básicos, como a leitura e a escrita, e específicos, de Matemática, História, Ciências, Geografia, Artes e demais áreas.
Compreender os direitos de cidadania como parte da experiência de diversos povos, numa dimensão histórica, faz parte desse processo, pois os direitos de cidadania são também resultados de um conhecimento que a humanidade vem produzindo sobre si mesma.
A história dos dramas e dificuldades dessas conquistas está expressa na literatura, na música, no teatro e nas artes visuais de diferentes povos. Portanto, no planejamento das aulas das diversas disciplinas, é importante garantir espaço e tempo para que os alunos leiam, analisem e discutam, entre outros, textos literários – contos, crônicas, poemas, textos teatrais, romances, letras de músicas –, representativos da literatura nacional ou internacional que, de algum modo, discutam as questões acerca dos direitos.
As possibilidades são muitas, por exemplo, a peça teatral “O Pagador de Promessa”, que narra a história de Zé do Burro. Ele tenta pagar uma promessa e é impedido por um padre. Outra sugestão são algumas obras de artes visuais, como “Guernica”, na qual Pablo Picasso retratou os horrores da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), ou as imagens do livro "Êxodos", do fotógrafo Sebastião Salgado, que mostram situações de refugiados e migrantes em várias partes do mundo. Podem ser interessantes, ainda, filmes como “A Escolha de Sofia”, de Alan J. Pakula, “A Caminho de Kandahar”, de Mohsen Makhmalbaf, e “A Lista de Schindler”, de Steven Spielberg.
É importante ainda trabalhar com os documentos que expressam os direitos. Com os alunos mais novos, pode-se estudar a "Declaração dos Direitos Humanos" da ONU e suas diferentes adaptações, ou a "Convenção dos Direitos da Criança", de 1989.
Com os alunos maiores, esse trabalho pode incluir o estudo e a discussão das Declarações do século XVII e XVIII (inglesa, americana e francesa).
O professor deve garantir que algumas questões sejam esclarecidas:
Em que contextos históricos as Declarações apareceram?
Que eventos lhes deram origem?
A quem interessava postular os direitos?
Contra que situações eles foram propostos?
Qual a natureza desses direitos? Individuais? Coletivos? Civis? Políticos?
A classe pode ser organizada em grupos e cada grupo estuda e pesquisa uma determinada Declaração. Assim, conteúdos tradicionalmente desenvolvidos nos currículos de História podem ganhar novos enfoques, quando se ressalta a experiência dos sujeitos históricos e os projetos que estavam em disputa em momentos de tensão e conflito.
Também pode ser feito um estudo dos capítulos relativos aos direitos, na legislação brasileira. Pode-se utilizar o "Estatuto da Criança e do Adolescente" ou o Capítulo V da "Constituição Brasileira" de 1988. Esse estudo permite o estabelecimento de relações entre os direitos colocados na legislação e os afirmados nas Declarações.
Já para os alunos mais avançados, uma proposta interessante é a comparação entre a "Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão" (França, 1789) e a "Declaração dos Direitos do Povo Trabalhador e Explorado" (Rússia, 1918).

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