OLHAR OUTRA VEZ!
É madrugada e não consigo dormir. Pensamentos apoderam-se de minha mente e me enchem de dúvidas, medos, e anseios.
Me pego assistindo verdadeiras revoluções no mundo e onde me encontro neste contexto? Por que resisto com tamanha veemência por algumas? Sou retrógrada ou será que os valores, princípios que carrego e que são tão importantes para me balizar estão desatualizados. Qual meu papel em uma sociedade que grita por avanços onde não enxergo em todas razão de ser? Estou cega, ultrapassada, perdi a sanidade? Assim foi minha madrugada. Buscando respostas a um mundo que para mim não faz muito sentido e me angustia, pois parece que não quero respeitá-lo.
Pronto, confusão instalada, pois nasce em mim um sentimento de algo que passei anos dissecando em terapia, no trabalho, na vida. O tal respeito. O que é respeito, qual a raiz desta palavra tão falada, propagada, mas será que vivenciada? Fui pesquisar.
Respeito é um substantivo oriundo do latim respectus e significa “olhar outra vez”. Quando li o significado descobri que a noite seria deveras longa. O que quer dizer “olhar outra vez”? De volta às pesquisas, o que de maneira estritamente pessoal me fez sentido, foi saber que olhar outra vez é um sentimento que leva alguém a tratar outrem ou alguma coisa com grande atenção, profunda deferência; consideração, reverência, e estima, seja por alguém ou algo. Respeito é estar aberto a rever. Como imaginava, tem a ver com o outro. Se decido “olhar outra vez” é porque o outro, seja lá quem for, merece minha atenção e empatia. Respeito não é goela abaixo, é renúncia de certa forma.
A partir desta pequena centelha de luz que invadiu meu coração iniciou-se um certo processo de paz. Eu sei que assim como um bebê tateando, explorando, investigando este novo mundo que se apresenta a mim todos os dias, eu preciso “olhar e olhar outra vez”, contudo já consigo saber que se a recíproca se estender a mim e me enxergarem com empatia, consideração, entenderão que sob minha ótica valores, princípios são imutáveis, não consigo encaixa-los em alguns movimentos que surgem, porém quero dar o benefício da dúvida, ou seja, olhar outra vez, quem sabe as inutilidades que vejo na modernidade não são tão ruins assim?
Por fim, sei que há está pequenina centelha acessa, portanto, vou prosseguir na busca do meu lugar neste novo cenário, agora mais centrada de que toda e qualquer bandeira levantada merecerá de mim um “olhar outra vez”, no entanto, até tudo se formatar continuarei assistindo os desproveitos da vida moderna, respeitosamente afinal o outro é real. Isto vale para a vida.
Marta Ferreira - Ainda Borboletas 🦋
Fonte: ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa
www.significados.com.br

Nenhum comentário:
Postar um comentário